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Com barragens vazias e obras para concluir, Agreste de Pernambuco é castigado pela seca e cobra investimentos - Sinduscon PE

Com barragens vazias e obras para concluir, Agreste de Pernambuco é castigado pela seca e cobra investimentos

21/01/2020 - Fonte: Portal JC Online - Economia
Bacia leiteira sofre com falta de estrutura hídrica

No ano passado, as trovoadas não caíram no Agreste de Pernambuco. As trovoadas são reconhecidas pelos produtores agropecuários como chuvas fortes capazes de encher açudes e barragens. Sem essa chuva volumosa, o Agreste volta a enfrentar um período seco. No último sábado, o governador Paulo Câmara publicou decreto no Diário Oficial do Estado declarando a situação de emergência para 61 cidades da região, por um período de 180 dias. A publicação permite que os municípios possam buscar recursos junto aos governos estadual e federal para diminuir os problemas causados pela estiagem. A falta de água já atinge setores importantes para a economia da região, a exemplo da bacia leiteira, e retoma as cobranças sobre investimentos em infraestrutura hídrica.

- Principais obras que levam água ao Agreste de Pernambuco ficam para 2021:

O Agreste é conhecido como a região de maior déficit hídrico de Pernambuco. Não possui um rio como o São Francisco, tem reservatórios de água menores que os do Sertão e o solo não é rico em água. Mesmo com todas essas adversidades, os produtores de leite mantêm – heroicamente – uma atividade com produtividade acima da média nacional, que investe em melhoramento genético e desponta em segundo lugar na produção de leite do Nordeste e em oitavo no País.

“Mais uma vez está tudo seco. Sem trovoada no ano passado, não deu pra fazer água e garantir pastagem para o gado. O resultado foi o aumento do preço dos insumos e a necessidade de comprar água para os animais, enquanto o preço do leite continua o mesmo”, lamenta Washington Azevedo, um dos diretores do Sindicato dos Produtores de Leite de Pernambuco (Sinproleite-PE) e liderança do Movimento S.O.S Produtores de Leite. Ele adianta que na próxima semana o grupo pretende entregar um documento ao governo Paulo Câmara, detalhando a situação da bacia leiteira e apresentando demandas dos pecuaristas para contribuir com o desenvolvimento da atividade nesse cenário.

As vacas leiteiras se alimentam de concentrado (farelo de milho, soja) e de volumoso (palma, bagaço de cana, silagem de milho), mas nos períodos de seca os produtores precisam investir no concentrado, pela falta do alimento natural. Os produtores afirmam que o saco de 40 quilos do farelo de milho saltou de R$ 30/R$ 32 para R$ 48 e R$ 50; enquanto o de farelo de soja saiu de R$ 67 para R$ 90.

“No Sertão, soubemos que já teve morte de bicho, mas aqui (no Agreste) ainda estamos conseguindo segurar porque estamos comprando água para o rebanho. Uma vaca toma, em média, 50 litros por dia e o carro-pipa chega com valor entre R$ 100 e R$ 150, dependendo da localização da propriedade. Mesmo assim, os animais perderam peso e a produtividade já caiu 40%”, lamenta Azevedo. A produtividade média de uma vaca no Brasil é de 6 litros de leite por dia, enquanto em Pernambuco é de 14 litros por dia.

No documento que será apresentado ao governo do Estado, o movimento S.O.S Produtores de Leite vai apontar a necessidade de expandir o plantio da palma, de cavar poços profundos, da limpeza de barragens, de concluir grandes obras como a Adutora e o Ramal do Agreste e de terminar a construção de barragens, que vem sendo adiadas por falta de recursos tanto estaduais quanto federais.

Hoje, Paulo Câmara está no Agreste para inaugurar o Sistema de Abastecimento de Água de Jucati, que também vai beneficiar Garanhuns. A obra teve investimento de R$ 6 milhões e vai levar água para cerca de 15 mil habitantes, sendo 100% da população urbana da cidade de Jucati e das localidades de Neves (distrito) e São Pedro (em Garanhuns).

- DESSALINIZADORES:

O secretário estadual de Desenvolvimento Agrário, Dilson Peixoto, diz que uma das estratégias para aliviar os impactos da estiagem no Semiárido será a instalação de 170 sistemas de dessalinização nos próximos meses. Coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional e executado em parceria com o Estado, o Programa Água Doce (PAD) vai investir R$ 36,9 milhões, sendo R$ 33,2 milhões da União e R$ 3,7 milhões de contrapartida estadual para atender a 60 mil pessoas em 21 municípios do Semiárido.

“Lançamos a licitação agora em janeiro e esperamos começar as obras até março. Desses 170 sistemas que vão dessalinizar água salobra, 80% vão ficar no Agreste e o resto no Sertão. Existem poços na região que foram perfurados e estão vedados porque a água é salobra”, destaca o secretário. Na avaliação dele, também é preciso aumentar a oferta de água e acelerar a liberação de recursos para obras.

“A gente espera que este ano haja uma solidariedade do governo federal em relação a isso. As cidades que decretaram situação de emergência são abastecidas pelo programa de pipas (Operação Carro-Pipa), mas como choveu e a oferta diminuiu, é preciso retomar. Temos um convênio de R$ 100 milhões com o governo federal dentro do programa Água para Todos, que não teve um centavo liberado no ano passado. Desse recurso, 25% seria para sistema de abastecimento de água e 75% para a construção de pequenas e médias barragens”, cobra.

O Ministério do Desenvolvimento Regional informa que o decreto de situação de emergência das 61 cidades venceu ontem, mas elas continuarão recebendo assistência até que chegue o novo decreto do Estado para o MDR. De acordo com relatório de ontem da Agência Pernambucana de Água e Clima (Apac), dos 75 reservatórios monitorados no Estado, 18 estão em situação de colapso. Jucazinho está com 1,2% do total.

- Bacia Leiteira em Pernambuco

Sertão

Bodocó
Exu
Ouricuri
Granito
Afrânio
Araripina

Agreste

Águas Belas
Bom Conselho
Buíque
Caetés
Capoeiras
Garanhuns
Iati
Itaíba
Lajedo
Paranatama
Pedra
Saloá
Tupanatinga
Venturosa
Alagoinha
Altinho
Belo Jardim
Cachoeirinha
Ibiorajuba
Pesqueira
Poção
Sanharó
São Bento do Una
São Caetano
Tacaimbó
Arcoverde
Manari

O retrato da Bacia Leiteira

27 é o número de municípios produtores
2 milhões de litros é a produção diária
106.520 é o número de produtores
1,89 milhão é o número de animais
8ª é a posição de Pernambuco no ranking nacional
2ª é posição no ranking do Nordeste

Desempenho da produção de leite (em litros)

2012 - 2.368.091
2013 - 1.875.856
2014 - 1.622.600
2015 - 1.699.228
2016 - 1.883.356
2017 - 1.472.315
2018 - 1.830.288
2019 - 2.000.000

O rebanho de Pernambuco

2012 - 2.393.886
2013 - 1.989.543
2014 - 1.974.826
2015 - 1.958.213
2016 - 1.908.801
2017 - 1.793.423
2018 - 1.843.033
2019 - 1.899.604



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